Quando criança recebi um livro que meu pai ganhou de um cliente, meu pai era garçom e muitos gostavam dele na churrascaria Palhoça em Petrópolis - naquela época era assim mesmo, um passava para o outro. O livro que se chama "Os Meninos da Rua Paulo", um romance húngaro, passado em Budapeste, tem tantos detalhes interessantes, que mesmo eu aos 12 anos, vivendo uma infância corriqueira, fiquei intrigado com a história dos meninos que brincavam na rua o dia todo, as intrigas entre meninos de ruas diferentes, suas disputas pelo campinho de terra batida, e as consequências de escolhas erradas, li o livro ao menos umas três vezes.
Este livro se concentra nas aventuras e rivalidades entre dois grupos de meninos em Budapeste, rivais, um dos lideres chamava-se Nemecsek, o enredo é conhecido por explorar temas como amizade, lealdade e bravura entre as crianças, em dado momento da história a morte por Pneumonia de Nemecsek se torna é um ponto crucial na história, que traz reflexões sobre a amizade, o sacrifício e a injustiça. A morte não é imediata por se tratar de uma infecção bacteriana, e até mesmo os pequenos rivais o visitam antes da tragédia se consumar. Minha atenção se voltou muito para a situação da ocorrência da morte de uma criança que tinha praticamente a minha idade por uma doença que eu pouco conhecia.
Cursei toda o meu ensino fundamental e médio no Colégio Dom Pedro II, no colégio eu já era um assiduo frequentador da Biblioteca já que era péssimo no futebol, e quase sempre ficava na reserva, o ambiente era extremamente lindo, para mim sempre impressionou a arquitetura da época do império, e me lembro que pesquisando sobre a tal pneumonia, em livros e enciclopédias me deparei com vários médicos sendo um deles o Dr. Oswaldo Cruz (1882-1917) , esse em especial me chamou a atenção por ser um nome muito conhecido, pois na televisão falava-se dele em vários momentos, hoje nem tanto, apesar do acesso a informação ser muito mais fácil com o celular nas mãos.
A admiração nunca desapareceu, alías tenho grande admiração pelos grandes heróis brasileiros, como Ruy Barbosa, Duque de Caxias, Anita Garibaldi, Santos Dumont e Alexandre Garcia, Ayrton Senna e outros.
Sem a intenção originária de cursar medicina, tive contato com médicos no Corpo de Bombeiros, atuando nas ambulâncias de resgate e somente em 2009, aos 30 anos, iniciei a faculdade de medicina, sem nunca esquecer o legado da Medicina Preventiva deixado pelo ilustre Dr. Oswaldo Cruz, e suas relevantes contribuições, um legado significativo nas áreas da medicina, saúde pública e ciência no Brasil, que incluem: o Estudo e o Combate às doenças tropicais (febre amarela, a malária e a peste bubônica), Campanhas de saneamento, Vacinação em massa e Controle de vetores (isso em 1900!), Modernização da medicina e da saúde pública, e sua defesa pela Formação de recursos humanos, profissionais de saúde capacitados, pois incentivou a criação de escolas de medicina e instituições de pesquisa.
Assista junto com as crianças essa curta animação sobre o tema: https://www.youtube.com/watch?v=wpgsxBOPpLI
Dr. Rogério Leal Campos
Médico Sanitarista
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